1.10.09

Fraude no Enem

Postado por Miguel

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, afirmou nesta quinta-feira que o vazamento de questões das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) demonstram que houve uma falha do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ainda assim, o dirigente avalia que não existe motivo para um "clima de terrorismo" contra a credibilidade da prova.

"O Enem não pode ser o culpado pela falha no processo que o MEC e o Inep tiveram na elaboração da prova", disse Chagas. "Se (o caso) não for apurado de maneira rápida, se não se der resposta para a melhoria desse sistema de confecção da prova, de fato fica com sensação de desconfiança com relação ao exame e, na nossa opinião, isso é a única coisa que não pode acontecer. Acho que devemos apostar que esse foi um caso isolado. Esse não deve ser o caminho de criar um clima de terrorismo, de desconfiança em relação a esses instrumentos", afirmou.

"A preocupação nossa é que não seja o exame, o Enem, que acabe ficando manchado com essa questão, porque o Enem é uma prova avançada, ela se diferencia de outros instrumentos do mesmo tipo justamente porque consegue ser uma prova que valoriza muito mais a questão interpretativa, consegue ser uma prova que valoriza essa questão da interdisciplinaridade. Ela foge desse padrão comum que os exames vestibulares têm no Brasil. (O Enem) tem sido instrumento importante para políticas de democratização do acesso ao ensino superior", ponderou.

O exame de Ensino Médio, que seria realizado neste fim de semana, foi cancelado após suspeitas de vazamento de questões. Ao todo, 4,1 milhões de estudantes se inscreveram para o Enem deste ano em 1.829 municípios. As suspeitas de fraude no exame ocorreram após um homem ter telefonado para o jornal O Estado de S. Paulo informando que tinha em mãos duas das provas que seriam aplicadas no sábado pelo Ministério da Educação. Nas provas do exame havia questões com o poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, uma tirinha da personagem argentina Mafalda e um exercício sobre índices de desmatamento na Amazônia.

Para o presidente da UNE, o caso deve ser apurado em caráter urgente, e os responsáveis pela fraude, responsabilizados criminalmente. Nesta quinta, o ministro da Educação, Fernando Haddad, adotou o tom de cautela em relação ao consórcio Connase, formado pela Consultec, Funrio e Cetro e responsável pelas provas do Enem, mas disse que "o Inpe vai passar em revista todos os procedimentos junto ao consórcio vencedor da licitação e a empresa foi chamada a Brasília".

O ministro também minimizou o fato de a pessoa que se propôs a vender a prova ter informado que havia conseguido a prova no Inep. "Um criminoso pode dizer qualquer coisa", alertou.

"É muito grave o fato de se ter concluído de que de fato existiu um desvio dessa prova, muito sério e importante. Deve ser feita investigação rápida e rigorosa sobre essa questão. É necessário fazer a apuração, primeiro, para identificar individualmente quem são os responsáveis", disse Chagas.

"Estas pessoas têm que ser acionadas criminalmente pelo ato que praticaram, principalmente para se identificar, no sistema de elaboração da prova, qual a falha que existe. Se essa prova chegou na mão de alguém que teve a capacidade de desviá-la e a enviar para sei lá onde, isso demonstra que o sistema de elaboração da prova tem uma falha. Se em algum momento isso tudo se juntou em um gabarito em que alguém teve a possibilidade de desviá-lo, aí está uma falha grave do sistema", argumentou o presidente da UNE.
Fonte: Terra

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